Artigo publicado hoje no @PNASNews detalha a origem e o risco de desmatamento associado às exportações de carne bovina produzida no Brasil, dados esses disponíveis e atualizados na plataforma da @TraseEarth
Usamos dados aduaneiros, licenças de exportação, estatísticas agrícolas e dados sobre a origem do gado por abatedouro para revelar a origem, a cadeia de abastecimento e o risco de desmatamento das exportações de carne bovina brasileira. https://doi.org/10.1073/pnas.2003270117
Focamos neste setor porque o Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, exportando um quinto de sua produção, e também porque a pecuária é responsável por 1/5 de todo o desmatamento em florestas tropicais associados à produção de commodities agrícolas.
Mapeamos o fluxo -> de onde o gado foi criado, em mais de 2.800 municípios brasileiros, -> abatidos por 152 frigoríficos -> e exportado por 204 empresas exportadoras e 3.383 importadoras -> para 152 países importadores entre 2015-2017.
JBS, Minerva e Marfrig controlam 72% das exportações e 95% das exportações foram feitas por 55 empresas que operam seus próprios frigoríficos. Essas empresas têm forte controle sobre a origem de seus produtos.
Os maiores mercados de exportação foram China (30%), Egito (12%), Rússia (10%), Irã (7,1%) e UE (7,1%). Esses países têm padrões de abastecimento distintos e dinâmicos, impulsionados por diferentes portfólios de produtos, logística e requisitos de segurança alimentar.
Por exemplo, houve uma diferença no fluxo de carne bovina para a China continental e Hong Kong. As instalações licenciadas para o continente estavam concentradas no Sudeste (70%) e Centro-Oeste (28%), embora Hong Kong comprasse carne de frigoríficos em quase todo o país.
Esses riscos também são dinâmicos. Em 2019, a China licenciou mais de 20 frigoríficos para exportação, frigoríficos esses que têm o dobro do risco de desmatamento daqueles que abasteciam o continente entre 2015-2017.
Entre julho de 2016 e julho de 2017 os EUA suspenderam as restrições às importações de carne bovina fresca e congelada - 15% do total proveniente da Amazônia, o que aumentou o risco de desmatamento deles. Essas restrições foram levantadas novamente em fevereiro de 2020...
Nossos resultados também chamam a atenção para a exportação de gado vivo do Brasil. Mais de 200 mil animais por ano são exportados do estado do Pará - eles respondem por 3,9% das exportações brasileiras de gado em valor, mas representam 11,6% do risco de desmatamento.
Ao mapear as exportações de gado também identificamos a proporção do desmatamento associado à pecuária para abastecer o mercado doméstico brasileiro. Cerca de 81-82% da carne bovina produzida no Brasil foi consumida internamente, associada a 86-87% de risco de desmatamento
As exportações são importantes - elas representam uma parte significativa das receitas dos frigoríficos e têm impulsionado melhorias no setor (por exemplo, na adoção de critérios sanitários mais rígidos), mas a transparência também é essencial para o mercado doméstico.
Com baixo custo para a economia, a cadeia da pecuária brasileira já possui ferramentas para eliminar o desmatamento e melhorar a produtividade (como vem fazendo nas últimas décadas) e fazer uso dos milhões de hectares de pastagens degradadas disponíveis no país.
O sistema de ‘peer-review’ demorou tanto que os resultados no manuscrito estão desatualizados. Você pode acessar os novos dados no site da @Traseearth. Uma mudança entre as versões é que usei dados do pasto do @LAPIG_UFG; a Trase atualmente usa dados do @mapbiomas.
Uma diferença interessante entre estes resultados é que os dados mais recentes mostram que 30% (anteriormente 17%) do risco de desmatamento da JBS, Marfrig e Minerva veio de fora da Amazônia Legal - um argumento mais forte para o monitoramento do desmatamento em todo o país.
Comecei este projeto 2.5 anos atrás e não teria sido capaz de fazê-lo sem a equipe maravilhosa da @TraseEarth & da @ELI_UCLouvain, e os times do @LAPIG_UFG e @inpe_mct, que produzem dados abertos e incríveis sobre mudança do uso da terra no Brasil.
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