Elizabeth Warren (71 anos) é senadora por Massachusetts desde 2013. Ela é advogada e foi professora da Faculdade de Direito de Harvard, se especializando em direito de falência (2/61)
Warren nasceu em Oklahoma, filha de uma dona de casa e um instrutor de voo do exército americano. Em 1970, ela se formou na Universidade de Houston com um bacharelado em patologia da fala e audiologia. Depois se especializou em direito pela Universidade de Rutgers–Newark (3/61)
Antes de se começar a sua carreia no direito, Warren chegou a ser professora numa escola pública por um ano ensinando crianças com deficiência. Ela com frequência cita essa experiência como um fator importante na sua formação (4/61) https://www.edweek.org/ew/articles/2019/10/08/how-warrens-year-as-a-young-teacher.html
Depois de Rutgers–Newark, Warren atuou como professora na Faculdade de Direito da Universidade do Texas e na Universidade de Michigan. Esse artigo é bem interessante pra quem quiser saber mais da carreira dela (5/61) https://www.bostonglobe.com/ideas/2011/10/22/elizabeth-warren-unorthodox-career/3AFEDVW9B40rgbF1bhBXoM/story.html
Warren foi para Harvard em 1995, se tornando uma das professoras mais bem pagas e uma das acadêmicas mais respeitadas. Ela se tornou referência em áreas como direito de falência e direito comercial (6/61) http://www.leiterrankings.com/new/2010_scholarlyimpact.shtml
Sua reputação fez com que fosse chamada como conselheira em diversos debates sobre leis de falência e direto do consumidor. Um dos momentos mais marcantes dessa atuação foi em 2005, quando ela debateu com o então senador Joe Biden (7/61) https://www.politico.com/magazine/story/2019/03/12/biden-vs-warren-2020-democratic-primaries-bankruptcy-bill-225728
E Joe Biden parece ter ficado um pouco desnorteado com a argumentação afiada pela qual Warren sempre foi conhecida. “Você é muito boa, professora” (8/61)
Warren foi uma das primeiras defensoras da criação do Departamento de Proteção Financeira do Consumidor e, quando o órgão foi criado em 2010 no pós-crise, ela foi nomeada pelo Obama como assessora especial da presidência para a nova agência (9/61) https://obamawhitehouse.archives.gov/the-press-office/2010/09/17/president-obama-names-elizabeth-warren-assistant-president-and-special-a
Em setembro de 2011, Warren anunciou sua intenção de concorrer ao Senado por Massachusetts. Ela tocou uma campanha bastante progressista, focando na classe média e criticando o dinheiro de grandes corporações na política. Assustou uma galera ai (10/61) https://web.archive.org/web/20190813115605/https://www.boston.com/uncategorized/noprimarytagmatch/2012/08/15/us-chamber-calls-elizabeth-warren-threat-to-free-enterprise
Uma controvérsia que veio à tona durante sua campanha ao Senado foi sobre sua alegação de ter ascendência nativa-americana. Durante a campanha ela disse que essa herança fazia parte de sua história e a coisa complicou quando o oponente dela, o senador Scott Brown [...] (11/61)
a acusou de fabricar essa ancestralidade para ganhar vantagens na carreira (12/61) https://www.washingtonpost.com/blogs/fact-checker/post/everything-you-need-to-know-about-the-controversy-over-elizabeth-warrens-claimed-native-american-heritage/2012/09/27/d0b7f568-08a5-11e2-a10c-fa5a255a9258_blog.html
E de fato, ela chegou a se identificar como “índia americana” em alguns formulários públicos. Contudo, como mostra essa investigação do The Boston Globe, isso não teve nenhum papel na sua carreira acadêmica (13/61) https://www.bostonglobe.com/news/nation/2018/09/01/did-claiming-native-american-heritage-actually-help-elizabeth-warren-get-ahead-but-complicated/wUZZcrKKEOUv5Spnb7IO0K/story.html
Apesar dessa pequena controvérsia, Warren arrecadou US$ 39 milhões para a campanha dela, mais do que qualquer outro candidato ao senado e foi eleita senadora com 53.7% dos votos (14/61)
Um fato curioso é que, apesar de hoje ser um dos membros mais progressistas do Partido Democrata, ela foi republicana até 1996 e era vista como conservadora (15/61) https://www.politico.com/magazine/story/2019/04/12/elizabeth-warren-profile-young-republican-2020-president-226613
E hoje “um dos membros mais progressistas” não é hipérbole. Ela é frequentemente listada como um dos 10 membros mais progressistas do Congresso (16/61) https://www.newstatesman.com/north-america/2012/01/warren-obama-street-financial
Ela é também o segundo membro do Congresso a votar menos de acordo com a posição oficial do governo Trump (17/61) https://projects.fivethirtyeight.com/congress-trump-score/elizabeth-warren/
Em 2016 teve um movimento para que a Warren concorresse à presidência representando a ala mais à esquerda dos democratas, frente a possibilidade de Joe Biden ou Hillary Clinton entraram na disputa pela nomeação do partido. No fim, ela não entrou (18/61) https://www.boston.com/news/politics/2017/04/13/heres-why-elizabeth-warren-didnt-run-for-president-in-2016
Bernie Sanders foi um dos principais entusiastas de uma eventual candidatura da Warren. Eles são amigos bastante próximos fora da vida pública. O próprio Bernie diz que só disputou as primárias democratas em 2016 porque ela decidiu não tentar (19/61) https://www.usatoday.com/story/news/politics/onpolitics/2016/02/15/bernie-sanders-bill-press-2016-democratic-presidential-primary/80411020/
Quando Joe Biden ainda cogitava uma candidatura à presidência em 2016, Elizabeth Warren era vista como uma das escolhas mais prováveis para ser sua companheira de chapa (20/61) https://www.politico.com/story/2016/05/joe-biden-elizabeth-warren-223104
Warren também chegou a ser um dos nomes mais fortes para ser escolhida como vice de Hillary Clinton em 2016, o que acabou não acontecendo (21/61) https://www.theguardian.com/us-news/2016/jun/10/elizabeth-warren-hillary-clinton-vice-president-rumors
Elizabeth Warren anunciou sua candidatura à presidência em dezembro de 2018, quando formou um comitê exploratório de campanha. O anúncio oficial veio em fevereiro de 2019 (22/61)
Warren entrou com umas das plataformas mais progressistas das primárias. Ela defendeu um sistema público de saúde no modelo Medicare for All, o Green New Deal, expansão da seguridade social, aumento do salário mínimo pra $15/hora e cancelamento do débito estudantil (23/61)
Marcou também com propostas bastante corajosas e ousadas, como abolir o Colégio Eleitoral (24/61) https://elizabethwarren.com/plans/electoral-college
Quebrar as grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Google e Facebook, em empresas menores (25/61) https://elizabethwarren.com/plans/break-up-big-tech
E implementar um progressivo imposto sobre patrimônio nos ultra-ricos, cobrando uma taxa anual de 2% em todo patrimônio acima de $50 milhões (26/61) https://elizabethwarren.com/plans/ultra-millionaire-tax
Se você tem um patrimônio de mais de $50 milhões, aqui uma calculadora de quanto você pagaria com as taxações de um governo Warren. Spoiler: você continuaria super-rico (27/61) https://elizabethwarren.com/calculator/ultra-millionaire-tax
Um dos slogans de campanha da Warren foi “Eu tenho um plano para isso”, em referência ao fato dela ser conhecida por ser meticulosa e se ater aos detalhes de cada uma de suas propostas (28/61)
Assim que anunciou sua candidatura, Warren tinha cerca de 5% das intenções de voto nacionais, atrás de Joe Biden, Bernie Sanders, Kamala Harris e o hoje quase apagado Beto O’Rourke (29/61)
Ela começou a ganhar força ao longo do primeiro semestre de 2019 e começou a ser vista, agora não só em teoria, como alguém que poderia tirar apoio do Bernie Sanders (30/61) https://www.theguardian.com/us-news/2019/jun/09/elizabeth-warren-2020-race-momentum-biden-sanders
Quando os debates democratas começaram, em junho, ela já sustentava uma posição de 3ª lugar confortável nas pesquisas. Com dois homens brancos de 77 anos liderando as intenções de voto, as pessoas começaram a se questionar: será ela mesmo, afinal? (31/61) https://www.nytimes.com/2019/06/26/opinion/elizabeth-warren.html
No segundo semestre de 2019, com um Joe Biden e um Bernie Sanders mostrando sinais de desgaste, candidaturas afundando (Beto O’Rourke e Kamala Harris) e nenhum outro candidato passando de 10%, Elizabeth Warren emergiu como frontrunner (32/61) https://www.vox.com/2019/10/8/20905274/elizabeth-warren-frontrunner-democratic-nomination-2020
Ela ultrapassou o Bernie e disputava o primeiro lugar com Joe Biden nacionalmente. Passou a liderar também em Iowa e New Hampshire, as duas primeiras disputas das primárias e acabam gerando “momento” para as disputas seguintes (33/61) https://www.cbsnews.com/news/2020-democratic-polls-elizabeth-warren-extends-lead-across-early-states-new-hampshire-draws-even-with-biden-in-iowa/
Ela também ganhou o apoio formal do Working Families Party, um partido minoritário ligado a diversos sindicatos em vários estados cujo apoio é muito cobiçado por qualquer candidato democrata (34/61) https://www.vox.com/policy-and-politics/2019/9/16/20868862/working-families-party-endorsement-bernie-sanders-elizabeth-warren
Depois o Bernie Sanders teve um ataque cardíaco em outubro e suspendeu temporariamente sua campanha, parecia claro a Warren pelo menos conseguiria aglutinar a esquerda das primárias em torno do seu nome (35/61)
Não foi o que aconteceu. O Bernie voltou para a campanha, conseguiu o apoio da Alexandria Ocasio-Cortez, fez um dos maiores comícios até então lá em Nova York e recuperou o segundo lugar nas pesquisas (36/61) https://projects.fivethirtyeight.com/polls/president-primary-d/national/
Em janeiro, faltando 1 mês para o caucus de Iowa, veio uma das tretas mais bizarras das primárias. O Bernie teria falado para a Warren num jantar privado que ele não acreditava que uma mulher podia vencer Trump (37/61) https://www.nytimes.com/2020/01/13/us/politics/bernie-sanders-elizabeth-warren-woman-president.html
A história por trás disso é meio nebulosa. O que sabemos é: os dois são muito amigos, mesmo antes dela ir para o Senado. Eles têm uma amizade fora da política. Como eu disse aqui antes, em 2016, o Bernie pressionou para que a Warren concorresse à presidência [...] (38/61)
Ela não quis, ele próprio decidiu concorrer e desafiar a Hillary. Nesse jantar em 2018 eles supostamente teriam discutido qual dos dois deveriam concorrer em 2020 e, por fim, decidiram que ambos deveriam. Que vença o melhor progressista! Mas ainda sim [...] (39/61)
ele teria pontuado que sexismo e misoginia fariam parte da campanha e pesariam contra uma adversária mulher em 2020, assim como pesou contra Hillary em 2016. Ainda mais com o Trump deliberadamente se utilizando desses meios (40/61)
Uma preocupação justa ou não, o fato é que o assunto foi levantado no debate de janeiro, com os dois meio que tentando apaziguar as coisas e o Bernie negando que tenha dito que “uma mulher não pode ganhar” (41/61)
Mas no fim do debate parece ela ficou um pouco irritada e disse pra ele “eu acho que você me chamou de mentirosa em rede nacional” (42/61) https://thehill.com/homenews/campaign/478519-warren-to-sanders-i-think-you-called-me-a-liar-on-national-tv
Ainda em janeiro, a Warren ganhou um apoio super cobiçado, o do Conselho Editorial do New York Times (com um co-apoio à Amy Klobuchar) (43/61) https://www.nytimes.com/2020/01/19/us/politics/amy-klobuchar-elizabeth-warren-new-york-times-endorsement.html
Quando as primárias de fato começaram, a Warren teve um desempenho decepcionante. Ela terminou em 3º lugar no Caucus de Iowa (com 20.3% dos votos e 5 delegados) e 4º lugar na Primária de New Hampshire (com 9.2% dos votos e 0 delegados) (44/61)
Naquele momento ela pontuava com 16% das intenções de voto nacionais (45/61) https://projects.fivethirtyeight.com/polls/president-primary-d/national/
Ela não se deu por vencida e tentou uma reviravolta no 9º debate democrata, em fevereiro. Foi sem dúvida o melhor momento de todos os debates. Ela partiu *com tudo* para cima do Michael Bloomberg, que estava cercado de controvérsias à época (46/61)
É bem pouco controverso que foi a atuação da Warren contra o Bloomberg nos debates que destruiu a candidatura dele, que vinha ganhando força com as *centenas de milhões* de dólares do próprio bolso que ele colocou na própria campanha (47/61) https://www.theguardian.com/us-news/2020/mar/04/mike-bloomberg-out-60-second-attack-elizabeth-warren-destroyed-campaign
Apesar dos esforços, ela não parece ter conseguido uma sobrevida. Ela terminou em 4º lugar no Caucus de Nevada (com 11.5% dos votos e 0 delegados) e em 5º lugar na Primária da Carolina do Sul (com 7% dos votos e 0 delegados) (48/61)
E na Super Terça, em 3 de março, onde 14 estados realizaram primárias, foi o golpe final. Ela não ganhou em nenhum estado e ainda terminou em 3º no próprio estado, Massachusetts, com cerca de 21% dos votos (49/61)
Uma questão bastante interessante – e que os apoiadores do Bernie levantam com frequência – é que a Warren ter persistido na campanha até a Super Terça, mesmo sem ter um caminho provável para vitória, teria prejudicado muito o Bernie (50/61)
Não é certo, mas é possível. Olhem esse mapa de quem tinha mais chance de ganhar em cada estado da Super Terça na véspera da votação, segundo o modelo do FiveThirtyEight. Verde é o Bernie e azul é o Joe Biden (51/61) https://projects.fivethirtyeight.com/2020-primary-forecast/
No fim das contas, o Biden acabou ganhando também em no Texas, em Minnesota, em Massachusetts e no Maine, estados que o Bernie liderava e que ele acabou perdendo por uma margem pequena menor do que a fração dos votos da Warren (52/61)
É difícil saber se o Biden poderia ter ido significativamente pior caso a Warren tivesse pulado fora antes da Super Terça, mas acho ser razoável dizer que, no fim das contas, ajudar o Bernie ela não ajudou. Não é uma crítica, é legitimo. É assim que eleições funcionam (53/61)
Mas pelo menos para o Biden faz sentido olhar 2 coisas que a Warren fez que foram positivas para ele:
(i)Ela destruiu o Michael Bloomberg, que representava uma ameaça séria a candidatura do dele
(ii)Ela ficou na disputa até a Super Terça e isso *não ajudou* o Bernie
(54/61)
(i)Ela destruiu o Michael Bloomberg, que representava uma ameaça séria a candidatura do dele
(ii)Ela ficou na disputa até a Super Terça e isso *não ajudou* o Bernie
(54/61)
Após o desempenho desastroso na Super Terça, a Warren suspendeu a sua campanha dois dias depois (55/61) https://www.nytimes.com/2020/03/05/us/politics/elizabeth-warren-drops-out.html
Como uma candidata tão qualificada e experiente acabou não dando certo? Esse artigo é bem interessante para tentar entender o porquê (56/61) https://fivethirtyeight.com/features/why-warren-couldnt-win/
A Warren não apoiou de imediato nenhum dos dois candidatos que sobraram nas primárias: Joe Biden e Bernie Sanders. Somente 1 semana depois do Bernie pular fora que ela anunciou um apoio formal ao Biden (57/61) https://twitter.com/ewarren/status/1250408560606969856?lang=fr
E o apoio dela não foi de brincadeira. Em um único evento ela ajudou a arrecadar $6 milhões para a campanha do Biden (58/61) https://www.boston.com/news/politics/2020/06/17/warren-flips-on-big-fundraisers-for-biden-event-raising-6-million
E numa tentativa de acenar para os eleitores mais à esquerda do partido, o Biden adotou algumas das propostas de campanha dela (59/61) https://thehill.com/homenews/campaign/487688-biden-says-hell-adopt-plans-from-sanders-warren
O nome da Warren é visto desde o começo como um dos mais prováveis para ser vide do Biden. Quando Amy Klobuchar pulou fora de ser sabatinada, ela meio que tentou sabotar as chances da Warren ao dizer que o Biden deveria escolher uma mulher negra (60/61) https://edition.cnn.com/2020/06/18/politics/biden-vice-president-amy-klobuchar/index.html