Sobre as relações entre o antifascismo e a luta antirracista. Hoje, a origem do logo antifa "Good night, white pride!" (Boa noite, orgulho branco!".
O lema/campanha fora criada dentro do cenário HC/PUNK europeu, especialmente alemão, 90, como uma reação ao aumento dos "boneheads" na cena (basicamente, skinheads de extrema-direita). Bandas como Full Speed Ahead e Loikaemie criaram músicas sobre ele.
Basicamente, a ideia era não apenas criar um cenário "desconfortável" para os ultradireitistas, mas de combatê-los efetivamente (Por isso o "boa noite"). Tanto que mais recentemente o lema se transformou em Let's Fight, White Pride (vamos lutar, Orgulho Branco).
A questão rapidamente se ampliou e foi além do "expulsar os boneheads" da cena. Mas de impedir a realização de manifestações e atos racistas nas cidades. A coisa foi tão efetiva que estes chegaram a criar seu próprio "anti-movimento", o "Good night, anti-white"
Contudo, o que nos importa é que o lema, criado no começo dos anos 90, se tornou icônico se inspirando nos atos e movimentos dos negros norte-americanos. Nesse caso específico, esse ato aqui:
Repararam na imagem? O sujeito da foto se chama Harlon Jones. Em 1998, ele e um grupo de mais de 400 pessoas se reuniram para impedir uma manifestação da KKK. Resultado da ação? Jones e mais 39 pessoas foram presos. Nenhum dos presos pertencia a KKK. Que coincidência, não?
Essa relação entre o hino antifa e a luta antirracista é longa, já mostrei aqui. Se a KKK pode (e deve) ser considerada a primeira organização propriamente fascista, alguns movimentos que surgiram para combatê-la pode ser consideradas as primeiras ações antifascistas.
Movimentos, em sua imensa maioria compostos inteiramente por negros, que agiam para impedir a KKK de se manifestar e/ou proteger negros. Sobre isso, recomendo muito os textos da Ida B. Wells-Barnett
https://archive.org/stream/southernhorrors14975gut/14975.txt
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